O sono está no encalço da madrugada
E meu relógio analógico/digital vacila em um paradoxo genético
Os ponteiros acenam cinco horas
O quartzo traceja meia-noite e quinze
A temperatura, em graus Celsius, defende um calor
Que não posso sentir
A lua, conforme aquele escravo eletrônico/mecânico
Escora em quarto minguante
Enquanto a bússola relincha um norte militante, autômato
O cronômetro, a tábua de marés, o calendário
Os demais imprevistos do maquinismo
Compunham um estorvo à minha lógica
E não me restituíam o tempo.
Era um choro, um chiar dissonante de microrganismos
Acossando os entrepostos, os fortes, as trincheiras,
Triturando com seu algoritmo de bestas
A vulnerabilidade plasmática de minha filha.
Era um choro meu também
Um mecanismo de três meses
Cedia à experiência de um enigma de bilhões de anos.
Que era um choro que era um grito que era uma exigência
Que era uma promessa de algo incerto e seu holocausto recém-nascido
Que era a minha dor injetada em sua careta de pânico
Que era um mundo pilhando um mundo
E jumentos de lítio cacarejam uma hora irônica e falsa
Monstros de química martelam a próxima verdade:
Que a natureza é acaso
E ninguém pode pressupor o minuto que ainda não aconteceu.