Há muitos cães vadios que conclamam a preguiça pelas calçadas
E comemoram com outros animais o cio da vida
Há muitos cães desordeiros que devoram os excessos de nossos jantares honestos
Há muitos cães libidinosos que rasgam os sacos de supermercados empanzinados de lixos
Há cães estuprando nossos queridos animais de estimação
Há cães desabrigados que mijam nos pneus inocentes de nossos carros
Que evacuam tufos de merda e sangue em nossos graciosos jardins
Que ferroam a passividade preguiçosa de nossa mansidão
Há cães espalhando pelo asfalto o asco de nosso cotidiano
Há cães insolentes que perseguem os poodles perfumados das famílias honestas
Não há esterilização que resolva
Não há agulha e seringa que o poder público consiga adquirir em leilões fraudulentos
Há apenas reciclagens incestuosas de desculpas franqueadas
Não há chumbinho para tanta vingança
Há muitos cães desabrigados que certo dia tiveram a proteção de uma família honesta
É pena tanto cão para pouca morte
Vamos comer os cães, propôs o esfaimado na corte de respeitáveis
Há lombo, há pernil, há nacos de carne cujos nomes teremos de inventar
Há muitas panelas para ferver, cozinhar, fritar, assar, marinar, gratinar e há incontáveis cães por aí.
Há muitos cães boêmios que uivam o medo em nossos sonhos honestos
Esterilizemos e depois comamos os cães
É o mais justo nesse tempo de justiça
Vamos esterilizar e depois comer os cães
Em regime de votação:
Aqueles que forem a favor permaneçam como estão!